domingo, 28 de agosto de 2011

Life in Merket Chapter 3 - Final


            Esse é o terceiro e último texto a respeito de minha experiência na Noruega. Já fazem alguns dias desde que voltei para o Brasil, porém algo que eu sabia antes mesmo de pegar o avião aconteceu, nunca vou esquecer o que passei lá. O quanto essas 7 semanas em Merket me acrescentaram profissional, pessoal e socialmente não pode nem ser comparado com nenhuma outra experiência que eu tenha tido. Além disso, me sinto agora mais motivado a seguir meus sonhos, pois vi que eles não estão longe.
            Antes de descobrir a AIESEC eu já havia decidido fazer um intercâmbio esse ano. Os motivos para tal decisão eram diversos, entre eles estão a necessidade de experiência profissional na área que quero trabalhar, a falta de oportunidades na região que moro para adquirir tal experiência, o desejo de praticar a língua Inglesa e aprender outros idiomas e também a paixão por viajar. O plano inicial era ir para os EUA e ficar lá por 1 ano trabalhando em um resort. Mas tudo mudou de um dia para o outro quando ouvi falar dessa oportunidade de intercâmbio que a princípio não parecia tão interessante quanto à anterior. O melhor foi que no final das contas, eu não poderia ter feito melhor escolha. Além de meu intercâmbio ter superado minhas expectativas, preenchido todas as minhas necessidades ainda me proporcionou enorme crescimento na vida social. Portando, como não consigo imaginar uma forma de minha viagem ter me trazido mais alegria, a palavra que melhor define a mesma é “perfeita”.
            Não digo que ter ido para a América do Norte ao invés da Noruega teria sido uma má decisão. Tenho certeza que tal ação teria me proporcionado também uma gigantesca experiência. Mas analisando o que fiz na Europa e o que eu teria feito na América, concluo sem a menor dúvida que fiz a escolha certa. E, além de tudo, nada está perdido, os EUA continuam onde estão e caso eu decida ir para lá basta tomar a decisão. Ainda, não posso deixar de comentar que a acidental descoberta da maior organização de estudantes do mundo nesse meio tempo, mudou meus objetivos de vida. Sendo que agora fazer parte desse enorme grupo de jovens com desejo de se desenvolver profissional e pessoalmente para serem capazes de causar um impacto positivo na sociedade, tornou-se uma de minhas metas.
            Pelo que pude perceber, um fator que sempre influencia bastante na tomada de decisão quanto à escolha de um lugar para se fazer intercâmbio, é o idioma falado no local. Sem a menor dúvida, esse é um fator importante e limitante sob vários aspectos. Porém, também existem os lados positivos em se ir para um local onde não se tem domínio da língua local. Caso haja interesse por parte do intercambista, essa é a melhor e mais rápida forma de aprender tal idioma. E não só isso, quando se trabalha em uma ação social, quando se busca se relacionar com pessoas, muitas situações dispensam completamente o uso de palavras. O melhor exemplo que pode ser dado é o do simples gesto de sorrir. O sorriso é um indicador internacional de felicidade e ainda possui um enorme poder de dispersão, ou seja, um sorriso geralmente ocasiona outro sorriso. Ao se fazer algo por uma pessoa, sem interesses pessoais envolvidos, e perceber que aquilo que estás fazendo é importante para essa pessoa e, além disso, a faz feliz, não tem como não se sentir bem. São nessas horas que a barreira “idioma” deixa de existir.
            Voltando à questão do interesse e da motivação, considero como sendo as duas principais características de um jovem que deseja viajar. Apenas uma viagem em si não acrescenta muita coisa na vida de uma pessoa. São as ações dessa pessoa durante a viagem que fazem a diferença entre uma ótima experiência e uma má. São através dos desafios que aprendemos, crescemos, nos desenvolvemos e conquistamos o prazer da glória da conquista. O melhor de tudo é que isso não é nem um pouco difícil de fazer, é inclusive acessível a todos e qualquer um. Algo que me surpreende também é o fato de como minúsculas decisões e ações podem causar impactos e trazer resultados tão grandes e maravilhosos. Escolher a AIESEC, escolher a vaga de intercâmbio que escolhi, me desafiar durante minha estada na Noruega e, mais importante, acreditar em mim mesmo, estão entre as melhores coisas que já fiz em toda minha vida. Essa experiência ficará marcada em minha memória pra sempre, pois o que aprendi com ela não esquecerei jamais.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Life in Merket Chapter 2


               Assim como no primeiro relatório, é difícil começar a escrever. São tantas coisas para serem contadas que acaba sendo complicado decidir por onde começar. Estou agora na reta final do intercâmbio, nem deixei o país ainda, mas já consigo perceber o quanto vou sentir falta desse lugar. Conhecer um país muito diferente do seu próprio e ainda assim se sentir em casa é um sentimento que realmente não se tem com muita freqüência.
            Enfim, tudo anda bem diferente aqui em Merket. Caso eu não tenha mencionado antes, Merket é o nome do acampamento. E antes que alguém pergunte, Merket não significa nada, é somente um nome. Dois dos três estudantes da Dinamarca voltaram pra casa e agora duas novas estudantes estão aqui. Além disso, a intercambista da Rússia também foi embora. Eu mudei para a casa ao lado e agora moro com as duas estudantes da Dinamarca e a menina da Sérvia. Também não lembro se mencionei no relatório anterior e estou com preguiça de abrir o arquivo e conferir, mas os estudantes dinamarqueses que trabalham aqui são graduandos de Pedagogia. Eles fazem o estágio final aqui, o qual dura seis meses e no final devem escrever um projeto para assim se formarem. Além de tudo, são ótimas pessoas.
            Os hóspedes agora são bem diferentes dos primeiros grupos. Tivemos dois grupos da Igreja que vieram aqui com cerca de 150 adolescentes. Esse evento é bastante popular e acontece todos os anos. Os jovens recebem a confirmação do batismo deles aqui, ao mesmo tempo participam de diversas atividades de recreação, jogos, atividades de interação e cooperação, além dos momentos de ensinamento da bíblia. Meu trabalho, praticamente, é garantir a segurança deles durante as atividades. Entretanto, é muito divertido, pois eles são bastante ativos e animados e a grande maioria fala inglês. Também tivemos um grupo de crianças pequenas peruanas que foram adotadas por famílias norueguesas. Era realmente muito estranho ver as crianças peruanas falando norueguês e não espanhol. Mas também foi uma experiência muito boa, é incrível como é prazeroso trabalhar com crianças.
            Confesso que de vez em quando é um pouco deprimente pensar em voltar pra Pelotas depois de sair daqui. Não que eu não goste da cidade onde moro, ou que pense que é inferior a outros lugares. Mas existem ainda tantas coisas que precisam melhorar em Pelotas e quando viajamos para outros lugares percebemos essas coisas de forma mais clara. Percebo também enquanto estou aqui o enorme potencial que Pelotas e todo o país possuem, mas que não estão sendo aproveitados ou estão demorando demais para serem desenvolvidos. Mas não se deve fugir dessa responsabilidade, esperar que a cidade se desenvolva não adianta nada. Também não podemos nos assustar achando que mudanças devem ser feitas somente através de grandes ações. Grandes mudanças podem ser geradas a partir de pequenas ações. Para que se tenha uma visualização mais clara dessa idéia, recomendo que assistam ao filme “Pay It Forward”.
            Nos últimos dias tenho pensado bastante na minha presença aqui. Pensado não somente no meu intercâmbio, mas também em intercâmbios em geral. De fato, o que faz uma experiência em outro país ser realmente significante são as ações tomadas pelo intercambista durante sua permanência no exterior. Um ponto extremamente importante relativo a esse assunto é a questão da motivação da pessoa antes e durante a viagem. Com isso, se diferenciam bons e maus intercambistas, a partir do que eles estão buscando e por que. Portanto, tal reflexão torna-se bastante relevante quando se pensa em enviar e receber intercambistas, além de ir fazer intercâmbio por si mesmo. Claro que analisar sentimentos não é uma tarefa fácil e motivação é algo que pode mudar repentinamente. Mas muitas vezes é sim possível perceber se o indivíduo tem os requisitos necessários ou não para fazer de sua experiência algo positivo.
            Essa semana tive meu primeiro contato com a AIESEC UiO (University of Oslo). Recebemos a visita da VP ICX daqui, a qual permaneceu por dois dias no acampamento. Ela queria saber como havia sido nossa experiência aqui, nossa avaliação geral do intercâmbio. Uma das principais razões era que essa era a primeira vez que esse intercâmbio era ofertado. Também nos reunimos com o gerente do acampamento para fazer uma avaliação completa e definir se essas vagas continuarão sendo ofertadas no futuro. Após uma boa conversa sobre tudo que havia acontecido aqui, o enorme número de coisas boas e minúsculo número de coisas ruins, foi concordado que é muito interessante para o acampamento receber estudantes da AIESEC novamente.
            Durante a reunião, fiz apenas uma observação sobre algo que pode ser diferente para as próximas vezes. Algumas vezes, eu sentia que estava aqui apenas para auxiliar nas atividades, e me sentia com pouquíssima responsabilidade. Comentei inclusive um caso que aconteceu na semana anterior quando reparei que uma de nossas atividades não estava dando certo e então montei uma atividade completamente diferente. Tal atividade foi aprovada por todos, inclusive os hóspedes. Pode parecer simples, mas esse simples fato me fez sentir muito mais valorizado. E é disso que um intercâmbio trata, a troca de conhecimentos. Continuei enfatizando que como todos que trabalham aqui são noruegueses ou dinamarqueses, as atividades não variam tanto, já que ambos estão acostumados com esse local e com a cultura local. Mas quando alguém vem de fora, com outros tipos de jogos, atividades, brincadeiras e outros fatores em sua bagagem cultural, exste a possibilidade de enriquecer ainda mais esse lugar com novas dinâmicas.
            Apesar de ter tido pouco contato com o comitê local, estou realmente impressionado com a capacidade e competência de seus membros. Ao conversar com Ida (VP ICX) perguntei muitas coisas sobre como funcionava a AIESEC aqui e o que mais me chamou a atenção foi que a @UiO é formada por, acreditem ou não, apenas 3 (três) membros. Eles receberam esse verão em torno de 140 intercambistas. Não lembro o número de envios, mas também é bem alto. Outra questão interessante é que como os países são bem próximos um do outro, não são grandes e viajar aqui é bem mais fácil que no Brasil, é fácil para eles fazerem conferências internacionais. Apenas uma semana atrás, a AIESEC de Oslo estava na Finlândia para um desses eventos.  Com isso, me dei conta de uma questão também muito interessante. Nós que vivemos no Sul do Brasil, estamos muito perto de países como Uruguai e Argentina. Temos livre acesso a esses países, não é caro viajar para lá, temos facilidade em nos comunicar e todos possuímos comitês das AIESEC. Imagino quão fácil e enriquecedor seria uma conferência entre esses três países.
            Por fim, sei que esse relatório foi um pouco mais teórico/reflexivo do que apenas informativo. E caso eu prolongue o texto ainda mais, tenho certeza que muita gente vai se cansar de ler, Portanto, gostaria apenas de encerrar dizendo que o que estou passando pode ser perfeitamente descrito pela tão famosa frase que toda hora ouvimos falar: “Life changing experience”.

Life in Merket Chapter 1


Hey AIESEC!

            Alguém aí sente minha falta? Humm, achei que não mesmo. Hehehe
            Bom, vou começar falando da minha chegada aqui. Depois de passar 34 horas viajando, cheguei no aeroporto de Oslo, onde o gerente do acampamento e uma intercambista da Sérvia estavam me esperando. Assim que os encontrei nos dirigimos para o carro e passamos mais 3 horas viajando até o acampamento. Eu esperava encontrar Ida e Elizabeth no aeroporto, as gurias da AIESEC UiO que me selecionaram e tal, mas elas não puderam comparecer pois tinham uma conferência. No entanto, me deixaram alguns recados pela menina da Sérvia, que se chama Marjia (se diz Maria) e inclusive me deixaram um SIM Card. Mas, como todos sabem, estou sem celular, então...
            Enfim, chegando no acampamento fomos direto para a casa onde iríamos ficar, pois já era quase meia-noite. A casa é demais, eu moraria muito tempo aqui. No total somos três na casa, além de mim tem a Marjia e a Alexandra, intercambista da Rússia. As duas gurias são muito legais e tá sendo muito legal morar com elas. Nós três somos os únicos da AIESEC aqui. O engraçado é que elas também são EPs, e a noção que eles tem de EP é um pouco diferente. É como se a AIESEC fosse uma agência de intercâmbio a qual elas usaram pra viajar. Pelo que entendi, elas não fazem parte da AIESEC, mas Marjia disse que ela pode escolher ficar na AIESEC ou não quando voltar. E pra falar a verdade, estou convencendo ela a entrar mesmo.
            Quanto ao meu dia-a-dia, tem bastante coisa pra falar. A cozinha do acampamento serve três refeições por dia: café da manhã, almoço e janta. Essas refeições são sempre no mesmo horário e são tanto para os empregados quanto para os hóspedes. Mas eu ainda posso pegar o que eu quiser na cozinha a qualquer hora e também posso levar pra minha casa. Ah, detalhe, na minha casa tem cozinha com fogão, geladeira e máquina de lavar louças, ou seja, se eu quiser posso comer sempre aqui.
            Estou trabalhando com as atividades dos hóspedes, junto comigo estão além das duas meninas que moram comigo, três pessoas da Dinamarca (2 gurias e 1 cara), um cara da Holanda e uma guria da Noruega que é a coordenadora. Nós temos uma programação semanal de atividades e também de horário de trabalho de cada um. São sempre três atividades por dia e os horários de trabalho são divididos em dois turnos, 9h-16:30h ou 15:30-23h, sendo que toda semana temos um dia off. As atividades são: canoagem, muro de escaladas e tirolesa, montanhismo, ciclismo, dança, trabalhos manuais, viagem a Fagernes (uma cidadezinha com um shopping mall que fica a meia hora daqui), andar de carroça e muitas outras. Realmente, está sendo uma experiência incrível, a realização de um sonho. Os hóspedes são portadores de necessidades especiais, a maioria possui problemas mentais, e são todos de várias partes da Noruega.
            Aqui é um mundo a parte, algo que é realmente bem diferente para nós que vivemos no Brasil. O país é muito rico, tanto o governo quanto a população. O povo não é muito grande também, mas existem pouquíssimos em uma má situação financeira. Tudo aqui é muito caro, porque também existem muitos impostos. Só pra terem uma idéia, um maço de cigarros custa quase 10 euros (23 reais). Entretanto, algumas coisas ainda são mais baratas aqui do que no Brasil, que é o caso dos eletrônicos. Eles têm uma concepção diferente de preservação e conservação do meio ambiente, algo que eu ainda to tentando entender direito como é.
            O trabalho é muito divertido, e todo o pessoal que trabalha aqui é gente boa. A única e maior dificuldade é a língua. Muitos dos hóspedes e alguns empregados não falam inglês. Estou aprendendo norueguês aos poucos, não é tão difícil e inclusive descobri que na Noruega, na Dinamarca, na Suécia e na Finlândia eles falam cada um uma língua, mas são bem parecidas e todos conseguem se entender. O holandês parece que tem umas semelhanças também. Existe também um laço muito forte entre esses países, e isso tá muito ligado à História deles.
            Agora o assunto que preocupa a todos: comida. Hahaha A comida é muito boa. Pra quem pensava que eu iria comer só peixe, se enganou. O acampamento fica nas montanhas, portanto o principal alimento é a carne \o/. Aqui se cria bastante gado bovino e ovino, tem ovelha por todos os lados. Mas também se come bastante peixe, já que existem muitos rios e lagos na região e os noruegueses amam pescar. O problema é eu me acostumar mal aqui, pois seguido como salmão e outras coisas do tipo, e é bom demais. Ah, uma curiosidades, a água que eles consomem vem direto dos rios e lagos, os quais são todos potáveis. É proibido despejar resíduos, portanto todas as casas têm algum sistema de tratamento de esgoto. E ainda, o povo é muito educado, sendo muito difícil encontrar qualquer tipo de lixo no chão (incluindo pontas de cigarro). Com isso, se pode beber água direto de qualquer torneira.
            Ainda tenho mais coisas pra contar, mas acho melhor deixar para um próximo texto. De qualquer maneira, saibam que estou muito feliz aqui, curtindo cada momento. Ontem à noite, dei uma aula de pagode pros hóspedes, foi muito divertido e eles adoraram. Bom, até a próxima então. Beijos  e abraços a todos!!!